Título: Will & Will.
Autores: John Green e David Levithan.
Editora: Galera Record.
Páginas: 352.
Ano: 2013.
Classificação: ♥♥♥♥
Skoob.
Sinopse: Em uma noite fria, numa improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Mas mesmo circulando em ambientes completamente diferentes, os dois estão prestes a embarcar em um aventura de épicas proporções. O mais fabuloso musical a jamais ser apresentado nos palcos politicamente corretos do ensino médio.
[Essa resenha pode conter alguns spoilers]
Antes de tudo eu queria me desculpar se, por um acaso, essa resenha ficar
um pouco confusa. Eu estive trabalhando bastante nela, arrumando meus
pensamentos para não escrever qualquer besteira. Então, espero que fique como
eu imaginei. Foi um pouco difícil escrevê-la por conta dos dois Wills que
existem. Quando eu falar Will Um será o do John Green, e quando eu citar Will
Dois será o do David Levithan. Não se esqueçam disso ;)
Esse livro vem chamando a minha atenção faz um bom tempo, mas eu sempre enrolava para comprá-lo. Até que na bienal do ano passado eu finalmente consegui obtê-lo. Mas acredita que eu só li nesse mês? Desde Agosto eu estava enrolando.
O Will Grayson escrito pelo John Green foi o Will que eu
mais gostei. Ele é hétero, um menino normal, quieto e que não quer a atenção
toda para ele. Foi o personagem que eu me familiarizei de primeira, acho que
foi um dos motivos para eu ter me apegado tanto a ele. Tem apenas um amigo, o
fabuloso Tiny Cooper, um menino homossexual que rouba a cena na maior parte do
livro. Literalmente. Tiny não é nada discreto, ele é um garoto enorme-
diferente de seu nome, que significa minúsculo. Me apaixonei por ele logo de
cara. Ele é divertido e sincero. Se ama tanto que resolveu escrever um musical
retratando ele mesmo, Tiny Dancer. Claro que Will está num dilema com Tiny,
porque, em suas palavras, esse musical é o mais gay da história. E Tiny não
poderia deixar de incluí-lo, denominando-o de Phil Wrayson.
"Não quero ser magro nem convencionalmente bonito nem heterossexual nem brilhante. Não, o que eu quero de verdade, e jamais consigo, é ser apreciado."
O segundo Will Grayson é um pouco diferente do Will Um. Ele
tem vários problemas, entre eles a depressão. Tem sua estranha amizade com
Maura, uma menina que insiste em ter algo além disso, o que ela não sabe-
apenas desconfia- é que Will é gay, mas ele tenta o máximo dizer ao contrário,
escondendo de todos quem ele é. Mantem uma amizade virtual com Isaac, um menino
que nunca viu mas que sabe de todos os seus segredos. Mas aí é que está... Se ele nunca o viu, será
que Isaac é quem ele realmente pensa? Will resolve se encontrar com Isaac, mas,
infelizmente, tem uma péssima noite. Não irei contar o porquê, claro, mas
quando descobri eu fiquei de queixo no chão.
"Se você tenta arruinar a vida de alguém, ela só fica melhor, você só acaba não fazendo mais parte dela."
Foi nessa noite que os dois Wills se encontraram. A partir
daí tudo mudou. Não que eles se apaixonaram, isso não tem lógica, até porque um
Will é gay enquanto o outro é hétero. Mas, quando eu li a sinopse, pensei
seriamente que eles iram se apaixonar e ter um romance. Longe disso, durante a
história eles nem mantem contato um com o outro, o que é meio estranho porque
quando você lê o nome do livro e vê a capa pensa em o que? Exatamente. Mas,
depois desse encontro, algumas coisinhas mudaram na vida dos dois. “Mas Ana,
tem romance?” Sim, com certeza! "Mas se eles não mantem contato, porque essa ligação?" POR CAUSA DO TINY!!!!!!!!
No começo da história foi um tédio para mim, eu confesso. Estava dando sono e eu ficava me perguntando quantas páginas havia para o próximo capítulo. A história ficou assim até os dois Wills se encontrarem, isso foi na página 130. A partir daí tudo começou a melhorar.
"Quando as coisas se quebram, não é o ato de quebrar em si que impede que elas se refaçam. É porque um pedacinho se perde- as duas bordas que restam não se encaixam, mesmo que queiram. A forma inteira mudou."
Ao longo da narrativa nós nos deparamos com várias gírias e palavrões,
mas não torna o livro pesado. Ao contrário, o livro fica mais leve e
descontraído, com metáforas e muito, muito humor. Sabe aquele estilo nerd do
John Green? Exatamente, quem leu os livros dele sabe muito bem do que eu estou
falando. Esse foi o 6º livro do Green que eu li. Como sempre, eu gostei bastante
da escrita dele e não me decepcionei. Já do David foi a minha primeira experiência, e posso dizer que gostei bastante. Não é de hoje que eu tenho vontade
de ler algo dele. Infelizmente ainda não tive oportunidade porque a besta aqui
sempre acaba passando outros na frente. Eu tenho que parar com essa mania
ridícula!!!
Eu: o que é nojento?
Simon: você sabe. Colocar seu negócio no lugar por onde ele, hã, defeca.
Eu: em primeiro lugar, não coloquei meu negócio em lugar algum. E você se dá conta, não é?, de que quando um cara e uma garota transam, ele põe o negócio dele onde ela urina e menstrua?
Adorei o tema que ele aborda. Isso foi um dos motivos que fez
o livro chamar a minha atenção. Se fosse aquele romance clichê entre um garoto
e uma garota não iria acontecer isso. Esse livro aborda a homossexualidade,
problemas de adolescentes, amizade e amor. Foi muito bom acompanhar o
amadurecimento e a descoberta do lado gay do Will dois.
"Estar em um relacionamento, isso é algo que você escolhe. Ser amigo, isso é simplesmente algo que você é."
Já sobre a diagramação, não é tão bonita e planejada quanto eu pensei que fosse, mas não chega a ser um bicho de sete cabeças. As páginas são amareladas, com um ótimo espaçamento entre uma letra e outra. Não acho que a capa tenha combinado com a história. De verdade, isso foi uma das coisas que está martelando na minha cabeça até agora.
Acho que esse é um ótimo livro para abrir a sua mente sobre esse assunto. Mesmo que você não goste, tente. Foi minha primeira experiência e eu gostei bastante. Saiu dos clássicos clichês de sempre. Não foi uma obra perfeita porque teve alguns deslizes, mas mesmo assim podemos ler várias verdades, principalmente de como a sociedade atual é sobre esse assunto.
"Só acho que, se você não diz a coisa mais sincera, às vezes, essa coisa nunca se torna realidade."