segunda-feira, janeiro 14, 2019

[Resenha] Eu sei por que o pássaro canta na gaiola


Título: Eu sei por que o pássaro canta na gaiola
Autora:  Maya Angelou
Páginas: 336
Ano: 2018

Sinopse: RACISMO. ABUSO. LIBERTAÇÃO. A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. 

Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e necessária, dando voz aos jovens que um dia foram, assim como ela, fadados a uma vida dura e cheia de preconceitos. Com uma escrita poética e poderosa, a obra toca, emociona e transforma profundamente o espírito e o pensamento de quem a lê.


~~~

A primeira vez que eu vi esse livro foi no vídeo da Mell Ferraz e mesmo sabendo pouco sobre a história eu sabia que seria uma leitura incrível, e realmente. Não tenho o costume de ler biografias, esse livro inclusive foi o primeiro – na verdade eu comprei sem saber o gênero, só tinha lido um pouco da sinopse e já vi que era do meu interesse. Impossível não se emocionar com a vida de Maya Angelou, pseudônimo de Marguerite Ann Johnson. A narrativa dela é tão envolvente que não parece ser uma autobiografia.

Maya Angelou viveu o período de segregação racial. Ela enfrentou abusos, humilhações, racismos e todo tipo de violência e xingamentos. A gente sabe que em 2018 o racismo ainda é muito presente na nossa sociedade, infelizmente, mas ler algo que é ambientando no século passado foi muito chocante, pois as coisas relatadas no livro eram muito extremas, sabe? Como que alguém poderia/pode ter um pensamento tão fechado e tão preconceituoso como se os negros fossem um objeto e não uma pessoa? Teve uma passagem do livro que me deixou bem chocada. "As pessoas de Stamps diziam que os brancos da nossa cidade tinham tanto preconceito que um Negro não podia comprar sorvete de baunilha. Exceto no 4 de julho. Nos outros dias, tínhamos que nos satisfazer com chocolate". Gente??????



Não estou habituada a ler autobiografias e por esse motivo eu demorei para pegar o ritmo da leitura e me acostumar com os personagens, até porque eu não sabia nada sobre a vida da autora. Entretanto, a escrita da Maya é muito poética, o que traz uma delicadeza ao mesmo tempo em que dá um soco no estômago por conta da realidade dura daquela época. Mas isso é bom. Acompanhamos a infância, a adolescência e a fase adulta de Maya, e em cada etapa temos um panorama da discriminação, da educação religiosa e rígida de sua avó, de sua amizade com seu irmão Bailey, das brincadeiras horríveis em relação a sua cor de pele e da sua trajetória que é cheia de conturbações e tristezas.
Era horrível ser Negra e não ter controle sobre a minha vida. Era brutal ser jovem e já estar treinada para ficar sentada em silêncio ouvindo acusações feitas contra a minha cor sem chance de defesa.
Nós todos devíamos estar mortos.
Talvez isso seja spoiler. A Maya foi estuprada pelo padrasto quando pequena. Essa passagem me marcou bastante e vocês podem imaginar o motivo. Além da Maya ser uma menina, ela era criança e negra. Imagina as dúvidas, os receios e o medo? O padrasto fez ameaças: caso ela contasse algo, ele mataria Bailey, o irmão dela. Eu fiquei com muito ódio nesse momento, doeu muito ler e ver que isso ainda é uma coisa que acontece muito na nossa sociedade. Além disso, que já é hediondo demais, tivemos também a presença de um júri que duvidou a Maya, questionando se isso realmente tinha acontecido ou se tinha sido um delírio, uma mentira. AHAM, COM CERTEZA, POR QUE NÃO? Estou espumando de raiva aqui.

Enfim. A leitura é fluida, porém, dolorosa. Não é fácil digerir e esquecer os ensinamentos e os obstáculos que Maya passou. Cada personagem na história é fundamental para o crescimento dela. A mais importante para mim foi a Momma, a avó que a criou, e que mesmo sendo muito rígida creio que trouxe ensinamentos importantes.


Maya foi uma mulher incrível (quem não conhece é bom dar uma pesquisada), e acho que ela deveria ter mais visibilidade nas escolas e ser citada, por exemplo, junto com Luther King e Malcom X. Aprendi muitas coisas com esse livro e acho que todos deveriam ler. É por isso que eu digo: por favor, leiam Maya Angelou.



Our Constellations - © 2015. Todos os direitos reservados
Template desenvolvido por Fancy Designs
Tecnologia do Blogger| Créditos: Garota no Mundo Html, Jackie Dream e Enjoy Things| △Voltar ao Topo△
imagem-logo