Livro: Você
Autora: Caroline Kepnes
Páginas: 384
Ano: 2018
Sinopse: Bestseller do The New York Times, o romance de estreia de Caroline Kepnes ganhou elogios de escritores do calibre de Stephen King e Sophie Hannah, além de resenhas estreladas, e deu origem a uma série de TV homônima que estreia neste primeiro semestre nos EUA. Não é para menos. Hipnótico, assustador, brilhante são alguns dos adjetivos usados para descrever este thriller sobre um amor obsessivo e suas perigosas consequências. A trama tem início quando Guinevere Beck, que deseja ser escritora, entra na livraria do East Village onde Joe Goldberg trabalha. Bonita, inteligente e sexy, Beck ainda não sabe, mas é a mulher perfeita para Joe, que, a partir do nome impresso no cartão de crédito de sua cliente, passa a vasculhar sua vida na internet e a orquestrar uma série de eventos para garantir que ela caia em seus braços, fazendo com que tudo pareça obra do acaso. À medida que o romance entre os dois engrena, porém, o leitor descobre que Beck também guarda certos segredos e os desdobramentos desse relacionamento mutuamente obsessivo podem ser mortais.
~~~
Gosto muito de livros que vão mais para esse lado psicológico e explora a mente humana, então é claro que quando eu descobri que esse livro falava sobre stalker e psicopatia eu logo me interessei. “Você” tinha tudo para ser o meu livro preferido, mas infelizmente isso não aconteceu.
Joe é dono de uma pacata livraria. A vida do nosso protagonista muda drasticamente quando Beck, uma mulher totalmente diferente dele, adentra na livraria. Joe crê ter encontrado o amor da sua vida e fica obcecado por Beck, e é assim que a perseguição começa. Ele fica com uma obsessão doentia pela vida da garota e chega a invadir a sua privacidade, observando suas redes sociais, seu círculo de amizade e seus romances.
Beck tem o costume de expor toda a sua vida nas redes sociais, então não é difícil para o Joe encontrá-la e saber qual será o seu próximo passo. Por causa dessas exposições os dois acabam se esbarrando eventualmente em situações extremas. O que para Beck é acaso, para Joe é somente uma consequência. É por meio desses encontros totalmente estranhos que ambos acabam se aproximando.
Joe narra o livro inteiro como se a Beck fosse a leitora. Ele conta como a conheceu, o que sentiu, o que fez para se aproximar dela e a conquistar. A narrativa, claro, é em primeira pessoa e ele se refere a Beck majoritariamente por “você”. Você fez isso ou você fez aquilo. Esse uso excessivo de “vocês” deixou a dinâmica da leitura mais interessante porque o desenvolvimento ficou diferente do habitual, o que é um ponto positivo.
As respostas erradas precisam ser expulsas das bolhas de saliva que saem dos cantos de sua boca retorcida. Você é uma porra de uma idiota por achar que eu a quero fora da minha vida, depois de tudo que fiz por você, isto não é Caindo na real, você não me quer mais que os outros cretinos de sua vida e eu estava errado sobre você.
Joe é perturbado, isso é óbvio. É ruim estar dentro da cabeça de um psicopata pelas 384 páginas e engolir todas as besteiras que ele pensa. Ele engana ser uma pessoa simpática para os outros, mas os seus pensamentos não confundem os leitores. Ele é possessivo, sujo e pensa em muitas coisas nojentas. Geralmente eu não ligo para palavras de baixo calão, mas isso foi uma coisa que me incomodou neste livro.
A Beck não é tão perturbada quanto o Joe, mas ela também tem os seus problemas. Ela é arrogante e só pensa em si mesma. Gosta de atenção e de ter o controle das pessoas em suas mãos, o que é bem irritante. Entretanto, ela continua sendo a vítima, e por mais que ela não seja a melhor personagem, ainda senti empatia por ela e torci para que nada de ruim acontecesse, é claro. Beck estava sendo perseguida por um psicopata que roubou a sua privacidade, pegou o seu telefone, ficou espiando todos os seus passos, saqueou alguns pertences e, para finalizar, que tinha uma caixinha escrito “CAIXA DA BECK”. Meu Deus, tenho nem palavras para dizer o quão doentio isso é.
A culpa é sua, Beck. Você ferrou tudo, você sabe que eu a segui, e você sabe. Você sabe.
(SPOILER) É claro que o Joe fez de tudo para afastar as pessoas que conviviam com a Beck. Quando a primeira morte aconteceu eu fiquei em choque e não foi porque ele estava assassinando alguém (até porque já era de se esperar), mas sim pelo descuidado. Joe fez certas coisas ao ar livre e deixou digitais na cena do crime e ninguém foi investigar o que aconteceu. Caramba! Sei que o livro não foca nessa parte de investigação, mas poxa, nem para sair no jornal que tinha algo de errado ou coisa assim. Ele matou e tudo bem, perfeito, o luto foi muito rápido, ninguém desconfiou das causas e não houve investigação. Esses pequenos (grandes) detalhes eu tive que engolir, e acho que a autora não soube explorar esse lado.
Em relação aos personagens: não consegui me apegar a nenhum deles. Apesar de ter sentido empatia pela Beck (o que é o mínimo), não consegui gostar da personagem e ela foi um tanto faz para mim. Senti empatia porque queria que ela saísse dessa situação, mas se fosse para torcer para a vida pessoal dela eu, particularmente, não ligaria.
Por mais que a narrativa em primeira pessoa enfatizando o “você” tenha sido interessante, achei as descrições maçantes. A história em si demorou muito para acontecer e eu fiquei entediada, só não abandonei a leitura porque queria saber como essa história iria terminar (e nem fiquei surpresa com o final).
![]() |
sempre tem que ter algo no meu pulso, eu não penso na hora de tirar a foto. perdão KKK |
Na minha opinião foi uma história que poderia ter sido explorada melhor. Foi uma decepção sim e trouxe uma grande frustração para mim. Comecei esse ano tendo uma péssima experiência literária, o que é uma pena pois antes de adquirir esse livro eu li algumas resenhas positivas. Não sei se o erro foi meu, talvez a história não seja para mim (o que é estranho haja vista que eu amo histórias com psicopatas e stalkers). Não vou falar que não indico o livro, pode ser que dê certo com você!
Se você já leu o livro me diga o que achou, adoraria conversar sobre ele!